Pois bem,
eis a descrição do que aconteceu:
Desde cedo que sempre tive o pressentimento que algo iria acontecer nesta prova.
Na véspera, algo me atingiu o estômago, o que me levou várias vezes durante a noite ao WC. Mesmo na manhâ, antes de sair de casa, fiz uma visita ao mesmo sitio. Algo que tomei ou comi, à mistura com os nervos.
Mas o meu maior receio eram os joelhos.
Cheguei a uma boa hora, perto das 9horas. A manhâ estava calma, sem vento, e já se sentia calor.
Fiz o aquecimento da praxe, durante 20min, mais os alongamentos.
Alinhámos todos perto das 10h para o tiro de partida.
Tinha mentalmente estabelecido tentar retirar cerca de 10min ao tempo que tinha feito anteriormente, o que prefazia um total de 1:35m.
Arrancou-se rápido durante os primeiros quilometros. Mas aos 4kms, senti que o meu corpo que não estava bem. Algo estava fora do normal. Mas continuei e tentei não ligar muito. Ao quilómetro 8, estava completamente esgotado fisicamente. Sem qualquer tipo de força. Ao passar por familiares, fiz o sinal que algo estava mal, totalmente mal. Nesta distância, que normalmente, mesmo em corrida, serve para pôr o meu corpo a funcionar, nesta estava completamente esgotado.
Mesmo assim, estava dentro do tempo que pretendia para o cumprimento do total de 1:35.
O ritmo era algo elevado, como eu calculava se pretendia fazer este tempo. Mantive-me mesmo assim até chegar ao quilómetro 10. No quilometro 10, estava com 45min. Verifiquei na altura que não dava para ir neste ritmo, e dar um puxão valente lá para o quilómetro 17-18, como normalmente sinto força para o fazer. Mas desta vez, nada era igual. Pensei, vou abrandar e manter o meu ritmo da ultima meia maratona, de 5:00/km, pois já tinha ganho bastante tempo, e agora uma vez que não dava para mais, era só gerir. Mas a falta de forças cada vez estava pior. Os abastecimentos não ajudavam em nada. Eram apenas de 5km em 5km, e somente água. Bebidas energéticas, nada. O calor cada vez apertava mais.
Mas o inferno chegou ao quilómetro 16. Deixei de ter força quase para me mexer. O meu corpo tinha rebentado bem cedo nesta corrida, e agora estava completamente sem forças. Tentei por várias vezes apanhar vários grupos para ir com eles. A força foi imensa dos atletas que me iam passando. Eu ia-me afundando no pelotão. E confesso. cheguei mesmo a parar. Tive de parar. Se queria terminar esta prova, tinha de parar.
Várias vezes pensei, que quando visse uma viatura de apoio, desistia. Várias vezes passei por eles, e sempre tive força mental para continuar. O meu ritmo baixou drásticamente por quilometro.
Deixei de fazer os 4:30-4:50, para, imagine-se, 6:00-6:28/kms. A minha média de 4:34 estava completamente estragada. Só pensava em desistir. Cada quilómetro, parecia uma eternidade. Até parecia que não sabia correr um km. Passei a sofrer cada quilometro que passava. Estava no limite, mas a minha cabeça não me deixava desistir. Sabia que tinha chegado até aqui, e não ia atravessar a meta nem a andar nem num carro de apoio. Lembro-me perfeitamente da tabuleta do quilometro 20, em que parei junto a ela, e toquei-lhe como que pedindo ajuda pois faltava 1km e pouco. E foi daí que só parei depois da meta. Os últimos 400mts, ainda fiz um sprint a 4:20.
Entre o quilometro 16, e 21, perdi nada mais nada menos que 12mins. Os 10min que tinha ganho, mais os 2mins que fiz a mais do que a ultima meia maratona. O total foi de 1:46:53.
Quando terminei só queria colocar-me dentro da fonte que se encontrava ali perto. Várias pessoas chegavam completamente esgotadas, havendo mesmo algumas que após cortarem a meta, sentarem-se no chão logo de seguida.
Mas ainda não tinha terminado o meu sofrimento. Pois hora e meia após ter terminado a prova, e quando já me aprontava para almoçar, comecei a sentir-me mal, tonto e com má disposição. Chegou uma altura em que não já conseguia estar de pé, nem sentado. Tomei logo um café e um pacote de açucar. Mas não resultou em nada.
Liguei para o 112, e disseram-me que era desidratação pura. Que de nada servia estar a beber água, pois não iria resolver a situação. Disseram-me para tomar imediatamente uma bebida isotónica, tipo isostar, ou powerade, etc. Assim o fiz, 1 hora e meia depois de estar deitado sem conseguir levantar-me, e foi num instante que fiquei bem.
Assim foi a minha experiência nesta meia maratona.
Fiquei sem saber qual a razão a minha falta de força logo nos quilómetros iniciais. Mas tirei várias ilações. Como tudo na vida, temos de tirar conclusões nas coisas boas tal como nas más.
Percebi, que nunca mais vou fazer uma prova destas após estar doente, seja do estomago seja do que for.
Fiquei a conhecer, pela 1ª vez na vida, de quais os sintomas de desidratação completa do corpo.
Fiquei a conhecer melhor o meu corpo, e a minha cabeça. Essa sim, está de parabéns, pois nunca me deixou abandonar a prova.
Mas provas existirão mais, e desde que tenhamos saúde, havemos de as fazer, e a pensar em bater tempos.
Não deu nesta, ficará para uma próxima. Quem sabe já em Setembro na meia da Ponte Vasco da Gama.
Para já, vamos a provas mais curtas, pois isto mexe psicologicamente e fisicamente com uma pessoa, ainda para mais, quando se faz a mesma em sofrimento quase na maioria da distância.
Agora só na quarta ou quinta feira, vou fazer uns quilometros (pouquitos), para começar a minha recuperação. Até lá..é fazer népia
Monday, May 7, 2007
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