Thursday, January 24, 2008

A corrida e a vida

A corrida, tal como qualquer outro desporto, quando levado com um pouco de seriedade e rigôr, muda-nos tanto físicamente como a nível mental.
Eu por mim falo na corrida, pois tirando o ciclismo que pratiquei em jovem, esta é de facto a modalidade que tenho dado mais de mim, tendo muitas contrapartidas positivas.
Não é a corrida que nos vai livrar dos problemas da nossa vida. Não é a corrida, que vai fazer com que não apareçam mais problemas, ou que os que ultrapassámos voltem outra vez.
Mas uma coisa é certa, a corrida ajuda-nos em muitos aspectos a resolver os problemas. Temos de ser nós a resolver os nossos próprios problemas.
Da mesma maneira que muitas pessoas se refugiam em drogas, comprimidos, etc, na esperança de as ajudar a resolver os problemas, acabam sempre por em última análise pensarem que as mesmas lhe vão resolver os problemas. É tudo uma ilusão.
O mesmo se passa com a corrida. Esta não nos vai resolver problemas nenhuns. Não podemos refugiar-nos na corrida só para isso.. Mas ao contrário das drogas e afins, a corrida ajuda-nos de facto a pensar com mais clareza, a termos amor próprio, a nossa autoestima aumenta, aprendemos a respeitar o esforço alheio, enfim, uma série de coisas que não vou aqui enumerar pois provávelmente isto não acabaria tão cedo.
Quem faz desta modalidade a sua preferida, sabe que quando termina um treino, a sensação de bem estar é tremenda. Todos os problemas, passaram a ser vistos de outra forma, de outro prisma.
Quantas vezes não fazemos um treino de rolamento, e durante aquele tempo não vamos pensado neste ou naquele assunto. Quantas vezes não começamos um treino com raiva desta ou daquela pessoa que nos fez mal, e no durante o treino essa raiva não desaparece, e terminamos com o espírito muito mais solto?
Mas, também o contrário não pode ser feito. Ou seja, dependermos da corrida. A nossa vida não pode girar à volta da corrida. Não podemos apenas e só viver a corrida, como se mais nada na nossa vida existisse. E neste aspecto, sim, a corrida é como uma droga.
A maioria das pessoas não entende do que estou a falar, porque nunca se dedicaram a esta modalidade, mas os outros...os outros sabem do que falo.
Mas é fácil ficarmos viciados na corrida. Do querer ir sempre mais longe, do querer correr ir sempre mais rápido. Não é por nada, mas das primeiras coisas que fazemos quando somos crianças é desatar a correr, mesmo quando ainda damos muito mal os primeiros passos. Não é andar devagar. É logo desatar a correr até cair. Não é por nada, que enquanto crianças levamos quase o dia inteiro a correr no pátio da escola.
Correr faz parte do ser humano desde que práticamente consegue colocar-se em pé sem cair.
Por isso, e uma vez desenvolvida essa capacidade, nuns mais do que outros, é fácil ficarmos viciados.
Custa. Lá isso é verdade. Custa e muito. Custa começar acima de tudo, e manter uma periodicidade para a prática da mesma. Mas uma vez passado os meses iniciais, o corpo começa por se habituar e a mostrar-nos de que somos capazes. Somos capazes de ir mais longe se quisermos.
Mas é neste ponto que a maioria das pessoas desiste. Pois querem tudo rápido. Querem correr logo mais longe, mais tempo e mais rápido. E lógicamente que isso custa e bastante. O corpo não se encontra preparado, a mente também não porque o corpo fica completamente estoirado. Por isso o mais fácil é desistir e escolher outra modalidade onde a coisa seja mais fácil.
A preparação para o iniciante, passa por ter calma, bastante calma, e não ligar a todos os outros que passam mais rápido. A têndencia é ir atrás, e querer fazer igual. É o maior dos erros. Cada pessoa é uma pessoa. Cada corpo é um corpo.
O iniciante têm de fazer os treinos lentos, confortáveis, sem desgaste físico, de modo a preparar o sistema cardiovascular. (Eu pessoalmente, levei o meu 1º ano apenas em treinos em ritmos controlados).
Se não se desistir, o corpo começa por habituar-se. Deixa de estranhar o que está a fazer.
A parte díficil está em conseguir correr de uma forma contínua mais de meia hora. Esta, na minha opínião é a barreira inicial.
Pois como eu costumo dizer, que quando se consegue correr 1h seguida, "the best is yet to come".
Mas não é correr hoje 1hora, e depois só correr para a semana. Isso Não.
É habituar o corpo, sem o massacrar lógicamente a correr confortável durante vários dias na semana. A princípio de uma forma alternada, de modo a poder deixar o corpo recuperar do dia anterior, e depois de uma forma maís contínua.
Eu pessoalmente, tenho vindo a integrar um dia a mais de treino por cada ano que tenho passado. Actualmente descanso da corrida 2 dias por semana, o sábado e a segunda feira, se bem que na segunda feira faço ginásio.
Este ano de 2008, será o ano em que introduzirei mais um dia na semana. Em princípio será no sábado. Mas irei reservar isso para mais tarde.
As velocidades, e as longas distâncias têm de ser efectuadas quando o corpo já se encontra habituado a suportar pelo menos 1h de treino e com regularidade. Fazer treinos longos ou treinos de velocidade quando não se está preparado, é procurar de facto lesões e perder a vontade de correr.
Quem de facto conseguir passar a barreira inicial do "ah, e tal, isso de correr não é para mim. Isso cansa muito. Não gosto", entrará num mundo em que nunca mais quererá outra actividade.
Mas nada se consegue sem esforço, e determinação. Porque quando queremos, conseguimos, e se depender de nós ainda melhor.
Eu como já referi várias vezes, fiz ciclismo em jovem, e desde míudo pequeno que andei de bicicleta.
Mas de facto, e na minha opinião (outros podem achar o contrário), o correr é muito mais díficil. E não estou a falar em que faz provas de atletismo. Basta querer correr por prazer. Não é fácil de facto. A corrida exige de nós, do nosso corpo, das nossas pernas, dos nossos pés, do nosso tronco, do nosso coração a todo e qualquer momento.
Não temos momento nenhum em que descansamos enquanto corremos. Na bicicleta, podemos aproveitar uma recta com vento, uma descida acentuada, etc, para recuperar forças (não estou a falar de distâncias profissionais, mas sim do simples prazer de andar de bicicleta).
De facto, mesmo para quem não anda de bicicleta faz longos anos, é mais fácil ir a uma loja, comprar uma bicicleta, e percorrer logo no primeiro dia 20kms a passear.
O mesmo não é válido para quem quer começar a correr 5kms.
Não é por nada, que têm havido um aumento exponêncial de pessoas a andar de bicicleta.
Mas fazem bem. Porque também ninguêm é obrigado a ter de começar a correr.
O que interessa acima de tudo, é fazer desporto com regularidade, e que acima de tudo nos dê prazer.
Porque seja a corrida, seja o ciclismo, seja a natação, seja qualquer outra modalidade, todas elas têm as suas vantagens para o ser humano.
Eu falo da corrida, porque, 1º é o que eu faço, e 2º porque acho que é a actividade física mais dífícil de se fazer e de se obter progressos rápidamente.
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Nos dias de hoje, quer-se tudo rápido. E quanto mais rápido melhor. Desde as crianças no infantário até adultos, hoje vive-se o querer ser e querer tudo rápidamente. Mas como quase toda as pessoas acabam mais cedo ou mais tarde por experimentar, nem tudo se consegue e se fôr rápidamente muito menos.
Por isso, temos de abrandar um pouco na nossa vida. Dar valor a certas coisas das quais conseguimos tirar prazer, e é nessas coisas que temos de nos esforçar.
Porque não adianta muito andarmos stressados e querer fazer tudo bem e rápido. Na maioria das vezes, ganhamos o mesmo. Ou seja, nada. Os reconhecimentos por vezes são nulos.
A nossa vida é curta. Apesar de parecer que não. E de um momento para o outro, o destino pode pregar-nos partidas. Por isso aproveitemos o que temos de bom na nossa vida, mesmo que seja pouco, e empenhemo-nos nisso.
Aproveitemos a companhia dos nossos amigos e familiares. Aproveitemos os hobbies que nos dão prazer.
Aproveitem a vida, enquanto ela dura.

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